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sábado, 30 de junho de 2012

Poema à um amor perdido


Já se vão tão distantes o nosso beijo e o abraço,
Que selaram esta tão grande e eterna amizade.
Duas almas gêmeas, as tantas belas afinidades:
Sentimentos, convicções, fé e posturas na vida,
Parecíamos estar isentos de qualquer maldade.

E nos primórdios dias de 1982, sorrimos juntos.
Os nossos corações ansiosos se encontraram.
Lindas cartas, cartões, carinhos, mimos trocados 
Através das terras distantes por onde passavas
Belos países, os longínquos continentes e mares

Era uma bela manhã radiante de sol, brisa, mar
Quando enfim tu vieste ver-me, à me encontrar.
O meu mundo alegrou-se ao te ver chegar, com
Braço dado à boa, querida, amável tia Palmira,
No meu lar materno que tão gentil me abrigava

Na minha “Formosa” praia em Cabedelo, na tua
Bela “Baía Formosa”, o luar nos trazia Paz, Luz
E “Beleza”, iluminando nosso caminho a trilhar.
As estrelas cintilavam na magia do encontro das
Almas sinceras e amorosas, carinhosas e ternas.

Um entardecer nos acolhia na branca areia macia
Deste meu lindo lugar. E na minha praia bonita, 
O sabor do vento úmido pelas gotículas do mar,
Ao esvoaçar meus cabelos o vento trazia vozes de
Crianças a me chamar, por entre ondas a brincar.

Tu enternecido sorrias, fraterno me olhavas, ao ouvir 
As crianças a gritar. Doces vozes se confundiam 
Ao bramido das ondas e os sussurros do mar!
E assim, sem ficarmos sós, meus alunos ali estavam, 
Os ecos diziam: "Professora, perto de mim deves ficar”.

“Vem para perto de mim, diziam as vozes assim”.
Como em suaves lamentos anteviam o meu sofrer.
Belas ondas quebrando na morna areia à morrer
Pareciam me dizer: “Sua alegria acaba tal triste
Marulhar das vagas, as brumas perdidas no mar”

Era uma noite mágica em nossa Baía Formosa.
Os violões, seu e do primo Waldir, a soarem belas,
Mágicas notas musicais, melodias alegres, de Paz!
Estávamos tão felizes! Tudo tão lindo, encantado!
Eu cantei “La Bohème” e outras canções de amor.

Mas, a vida tem seus mistérios que não sei explicar!
Ela chega com a força das águas da correnteza dos rios
E tristemente se vai para as profundezas do mar.
Muda os percursos planejados ao amor e a felicidade!
“E o riso transformou-se em pranto, tristeza demais"!..

As doces e saudosas lembranças me chegam, 
Junto a gratidão pelo carinho recebido.
Mas, chega também a dor por ter que seguir o caminho
Mais sofrido, a dolorosa sensação ao te perder. 
Me entristeci ao ver o belo sonho virar espumas ao vento

Assim tudo se perdeu nas brumas escuras
Das águas muito turbulentas e inexplicáveis.
Senti o amor perdido, tão cedo esquecido, trocado 
Por um amor mais recente que te atraiu, te recebeu,
No Rio distante com o Cristo de braços abertos.

Quase trinta anos se passaram em nosso viver
Seguimos por caminhos diversos, tão opostos.
As imagens me chegam de mansinho feito um filme. Vejo-me contigo, pés descalços, pela praia a caminhar.
Gaivotas a gritar, dunas de areia, céu azul, o belo mar.

E hoje, lamento e choro por tão belo amor perdido
Sofrendo mais uma vez por você ter me esquecido.
Já não viajas nos mares e os continentes distantes, 
Mas pelos céus, a te confundir com as estrelas brilhantes. Lá nas paisagens celestes, tendo a lua como amante.

Te amei e te senti nas cartas fraternas cheias de luz
Os nossos corações sofridos, guiados pela Fé que nos conduz.
A Fé que aquece as almas, nos dá a ética, os bons sentimentos.
Te admirei pelo teu “eu” contido nas fibras do teu nobre 
E terno coração. Muito te amei e te quis! Mas, tudo mudou!...

Que nas paragens longínquas do celeste céu
Jesus e Maria te possam ajudar.
Estrangeiro na terra, tu fostes marujo no mar.
Agora viajante das estrelas, anjos, guias e mestres, 
Iluminem o teu, o meu caminho, que precisemos ainda trilhar!

Pois esta vida não termina pela passagem da morte. 
E se a vida aqui é breve, lá nós teremos mais sorte. 
O “Tempo” ali é bem maior. Quem sabe meu querido, 
Um dia tenhamos o merecimento de sob a luz das belas
Estrelas e os lindos raios do luar, nos reencontrar!...

BY: Roseleide Santana de Farias
novembro de 2011 (dois meses depois de sua morte física)

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